Líder da oposição critica maioria governista na CPMI, defende dosimetria do 8/1 e diz que PL ampliará alianças para viabilizar Flávio Bolsonaro em 2026Líder da oposição critica maioria governista na CPMI, defende dosimetria do 8/1 e diz que PL ampliará alianças para viabilizar Flávio Bolsonaro em 2026

Rogério Marinho acusa governo Lula de blindar suspeitos do INSS

2025/12/20 17:05

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Congresso e secretário-geral do Partido Liberal, afirma que o governo federal atua de forma coordenada para blindar personagens ligados ao esquema de fraudes no INSS, investigado pela CPMI.

Em entrevista ao Poder360, ele diz que a maioria governista impediu convocações, quebras de sigilo e depoimentos de investigados que poderiam esclarecer o envolvimento de pessoas próximas ao PT, incluindo o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fabio Luís da Silva, o Lulinha. Teriam sido barrados mais de 60 requerimentos, na conta do senador de oposição.

O Poder360 revelou que, em trecho de investigação da PF (Polícia Federal) em posse da CPMI, Edson Claro afirmou que Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, pagava mesadas de R$ 300 mil a Lulinha. Nesta semana, uma nova fase da operação mencionou repasses no valor de R$ 300 mil destinados ao “filho do rapaz”, expressão interpretada como possível referência ao primogênito do presidente.

Há praticamente um roteiro onde com o DNA da blindagem, da tentativa de impedir que avance a investigação. Ao longo desses meses, o Lulinha foi impedido de ser convocado. Uma empresa de turismo ligada à Contag, a principal central do campo ligada à CUT, foi impedida de ter o sigilo aberto. A senhora Roberta Luchsinger recebeu a tornozeleira […] Mas o Edson [Claro], que estava disposto a entregar a forma e o método como essa quadrilha se organizou, também foi impedido de ser convocado“, disse.

Assista à íntegra da entrevista (47m05s):

Ainda assim, Marinho sustenta que a CPMI teve papel decisivo para romper o que ele chamou de risco de seletividade que as investigações poderiam ter, pressionar por prisões e expor o funcionamento de um sistema que desviou bilhões em recursos de aposentados e pensionistas ao longo dos anos.

O senador defendeu o projeto aprovado no Congresso que altera a dosimetria das penas aplicadas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. Chamou as penas de desproporcionais e criticou julgamentos sem individualização de culpa. Disse que o julgamento do STF, que condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses, foi um “atropelo ao devido processo legal“.

O que nós queríamos sempre foi a anistia. Mas a circunstância, a correlação de forças dentro do Congresso nos permitiu a dosimetria e a progressão de penas. Estamos aguardando a definição do Lula. Se ele vetar, vai mostrar que tem mais retrovisor do que parabrisa, olha para trás com rancor, ódio, sentimento de vingança contra pessoas humildes que foram colocados como um objeto a ser odiado, temido, ser execrado porque foram à praça pública mostrar irresignação na forma como foi conduzida a última eleição. É lamentável, mas  combina com o presidente Lula“, disse.

Responsável pela articulação política do PL, Marinho afirma ainda que o partido trabalha para ampliar o leque de alianças visando às eleições de 2026. Disse que a rejeição a Flávio Bolsonaro vem caindo e que o partido buscará apoio de legendas de centro e centro-direita.

É muito importante que estejamos juntos dentro de um projeto que combate o PT, o nosso adversário, o inimigo em comum. O PT com a sua visão é deletéria, destrutiva da maneira como deve se comportar um governo em qualquer outra administração. O PT faz muito mal ao país e nós somos justamente o oposto“, disse.

Leia trechos da entrevista:

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, foi alvo de operação da Polícia Federal junto ao deputado Jordy. Como essa operação impacta a oposição?
Ninguém está acima da lei. Qualquer um pode ser investigado e, se for pego em alguma contravenção, tem que responder. O deputado deu entrevista, descreveu como estava sendo imputado de eventuais crimes por Flávio Dino no aluguel de um carro que estaria abaixo do preço de mercado. E falou do recurso aprendido. Segundo ele, é fruto da venda de uma propriedade. E que enviaria ao Judiciário as provas. Todo mundo tem o direito à presunção de inocência. Eu admiro muito Sóstenes e o deputado Carlos Jordy. Espero que possam provar sua inocência e continuar sua atividade como parlamentar.

Na 5ª feira, outra operação da PF mostrou citações ao filho do presidente Lula como suposto beneficiário de repasse originado no esquema do Careca do INSS. Como essa informação impacta a oposição?
Houve uma decisão do ministro André Mendonça, que conduz o inquérito sobre a fraude no sistema previdenciário brasileiro pelos descontos associativos. A investigação, me parece, dura pouco mais de 6 meses. E foi constatado que é uma ação extremamente complexa. Foram montados núcleos dentro do sistema previdenciário com o objetivo de assaltar o bolso do aposentado brasileiro. Um desses núcleos foi atingido por essa operação do STF. E há a declaração de um dos investigados de pagamento de uma mesada ao filho do atual presidente, o senhor Lulinha. Em torno de R$ 300.000 por mês. As acusações são graves. Vamos aguardar o desdobramento desse processo. A própria instalação da CPMI impediu o que nós chamávamos de investigação seletiva.

Copyright Sérgio Lima/Poder360 – 19.dez.2025
Segundo Marinho, a CPMI do INSS cumpriu o papel de impedir investigações seletivas sobre o desvio de dinheiro dos aposentados

Tem peso político o fato do filho do presidente ser citado em investigação. A CPMI do INSS tentou convocá-lo, mas não conseguiu. O que a oposição ainda pretende fazer?
Há praticamente um roteiro com o DNA da blindagem, da tentativa de impedir que avance a investigação, fica cada vez mais claro. O Lulinha foi impedido de ser convocado. Uma empresa de turismo da Contag, principal central do campo ligada à CUT, foi impedida de ter o sigilo aberto. A senhora Roberta Luchsinger, que recebeu tornozeleira agora, foi impedida de ser convocada, a senhora Danielle Fonteles,  publicitária que foi presa, também se impediu. O Edson Claro, sócio do Careca do INSS, estava disposto a entregar a forma e o método como essa quadrilha se organizou, também foi impedido. São quase 60 requerimentos de convocação, de informação, de quebra de sigilo bancário, telemático, fiscal colocados por terra pelo governo, pelos membros do Partido dos Trabalhadores e os seus aliados, que têm maioria na CPMI. Votaram contrariamente à convocação desses personagens e muitos deles foram presos. 

Virou um impasse. O que mais será feito?
A CPMI já cumpriu um papel extraordinário. Sem CPMI, não teríamos o fim da seletividade da investigação. A eleição de um presidente e um relator independentes fez com que a AGU deixasse de lado procedimentos investigatórios. Foi ampliada a investigação. Pedimos prisões. Do Careca, do Camisotti. Foi um catalisador. E chamou a atenção do brasileiro. Principalmente os afetados, a partir dos 60 anos. 

Foi esse o grande mérito?
Não se poderia colocar debaixo do tapete os crimes que estavam sendo cometidos. Aí votamos o fim do desconto associativo. 

O senhor negociou essa lei e votou quando o governo estava atento ao PL Antifacção na Câmara. Como foi o processo?
Aqui de verdade existe um cartório. Esse cartório determina que o único sindicato representa uma categoria numa região geográfica, e isso permitiu que nós chamamos de carta sindical, uma autorização para aquele grupo de pessoas no sindicato representar aquela categoria nos acordos e convenções coletivas. Em 2017, a obrigatoriedade de pagar o sindicato caiu, antes todos eram obrigados a pagar 1 dia de salário por ano. Menos de 2% passaram a pagar. O STF entendeu diferente. Estamos há 2 anos tentando e o governo obstaculando o fim do desconto associativo. Existe desde 1994. Foi aprovado na Câmara. No Senado, solicitamos urgência. Na hora da votação, os senadores governistas tiveram dificuldade de se posicionar contra. Então a votação foi simbólica. Hoje estamos aguardando o veto do presidente. 

A CPMI vai influenciar as eleições de 2026?
Contratamos uma empresa para medir o sentimento da população nas redes sociais. Impactamos até 270 milhões de contas. São mais de 100 mil citações únicas. Quase 1 milhão de pessoas acompanham online as sessões. Impacta muitos eleitores. Há uma percepção na sociedade mais clara contra a narrativa do PT de que o governo Bolsonaro montou a estrutura para roubar aposentados. Esse dinheiro seria entregue a sindicatos de esquerda ligados ao PT? É uma narrativa inverosímil e desprovida de fundamento.

O PL da dosimetria foi aprovado. Lula disse que vai vetar. Mas o senador Jacques Wagner falou que tinha feito um acordo com a oposição sobre o tema. Qual foi o acordo?
Fizemos acordo de procedimentos. É diferente de mérito. Mérito é votar contra ou a favor da matéria. É natural no ambiente parlamentar convencer um grupo a aderir a essa tese ou se contrapor. Fizemos um apelo ao líder do governo para que, caso houvesse algum dissenso, submeter ao conjunto de senadores para ser decidido por maioria. E isso aconteceu. Em nenhum momento concordamos com veto, mudança de texto. Não há acordo no mérito.  O que estamos dizendo é: não é possível tratar da mesma forma quem planejou, quem financiou, quem organizou, quem depredou e quem simplesmente esteve presente em um determinado local. Conduta individual, responsabilidade individual, pena proporcional à conduta. O que aconteceu no dia 8 de janeiro foi um julgamento em bloco, coletivo. Esse projeto vem corrigir isso. 

O senhor acredita que o presidente Lula vai vetar integralmente?
Tudo indica que sim. Lula governa olhando mais para o retrovisor do que para o para-brisa. Governa com ressentimento, rancor, desejo de vingança. Se vetar esse projeto, estará dizendo que prefere manter pessoas humildes como bode expiatório a reconhecer que houve excessos. Não estamos falando de passar a mão na cabeça de criminosos. Quem depredou patrimônio público, quem organizou, quem financiou, tem que ser punido. Mas dentro da lei. Se o presidente vetar, caberá ao Congresso analisar o veto. E eu acredito que há votos suficientes para derrubá-lo.

O senhor acha que em algum momento houve risco de a democracia cair em 8 de janeiro de 2023?
Imagine senhoras com bíblias e bandeiras sentarem-se à cadeira do presidente da república, do Senado ou do STF e declararem que estavam tomando o Estado brasileiro. Sem armas, articulação, líderes. Seria um gesto simbólico, sem efetividade. O então ministro da Justiça, hoje no STF, estava no no prédio e afirmou que as imagens do seu ministério, onde estavam as forças da Guarda Nacional que não intervieram, foram perdidas. Achamos que houve uma grande baderna e as forças de segurança não fizeram a devida contenção.

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Em entrevista ao Poder360, Marinho diz que o 8 de janeiro não tinha qualquer intenção de tomar o poder

Na condenação do 8 de Janeiro, o senhor considera que houve violação a garantias legais?
Somos signatários do Pacto de San José da Costa Rica, que determina que qualquer cidadão, ao ser julgado, terá a possibilidade de recorrer a uma instância subsequente para corrigir eventuais erros. No Brasil e no 8 de Janeiro, essas pessoas foram julgadas direto numa ‘Câmara STF’ sem direito a recorrer, penas exageradas, uma preparação para justificar 27 anos ao maior líder da direita no Brasil, o presidente Bolsonaro. Houve exagero, atropelo do devido processo legal e centenas de pessoas condenadas sem culpas individualizadas. 

A pena a Bolsonaro foi exagerada? Há planos para reverter essa situação?
É impensável em qualquer lugar do mundo um processo dessa natureza se dar dessa forma. Nosso plano é muito simples: continuar irresignados, denunciando, buscando reparação e prisão domiciliar, até porque o presidente tem uma série de comorbidades fruto da facada. Terá a 7ª cirurgia. Tem sequelas. Vamos continuar insistindo para que as condições melhorem e ele retorne ao convívio dos familiares. E vamos focar nas eleições de 2026. Venceremos essa mercadoria vencida, arcaica, bizarra, deletéria ao Brasil que é o Lula. E daremos indulto no primeiro dia após a posse.

O PL já lançou o senador Flávio Bolsonaro para presidente. Tem chance de vencer em 2026?
Eu não tenho nenhuma dúvida. Depois do lançamento da pré-candidatura, a perplexidade transformou-se primeiro em aceitação e agora em entusiasmo da direita. A rejeição que existia nele é muito mais de Bolsonaro. A medida que as pessoas vão conhecendo Flávio, a rejeição vai cair. 

Ele tem se apresentado como um Bolsonaro menos radical. Ele é de fato assim?
Nunca conheci um líder tão carismático, tão forte, verdadeiro  como Bolsonaro. Flávio nasceu na política. Sabe dialogar e gosta.  O que Bolsonaro fez é fantástico. Deu unidade à direita. Provocou a sociedade e mostrou que é possível governar defendendo valores, visão de país, responsabilidade fiscal.

Qual o papel de Flávio Bolsonaro agora?
Ele é a continuação desse processo, com uma diferença. É filho de Bolsonaro, mas não é Bolsonaro. Ele não se comporta da mesma forma. Bolsonaro dizia o que achava, não se preocupava se era politicamente correto. O Flávio é mais comedido, moderado. Defende as mesmas causas, bandeiras  e tem as mesmas convicções que o pai.

O senhor mencionou que Bolsonaro trouxe unidade para a direita. Com a prisão dele, essa unidade corre o risco de se dissipar?
A direita não está dividida. Há candidatos. Vai permitir que haja um 2º turno para unir todos contra o nosso adversário e inimigo em comum: o PT. Acho que a direita não está dividida. Agora, tem partido de centro e centro-direita que podem compor com outros partidos no 1º turno ou apresentar candidaturas. Essa conversa está acontecendo agora. 

Há um certo ceticismo do mercado com Flávio Bolsonaro. Qual a estratégia para vencer as eleições e como seria um governo Flávio Bolsonaro?
O mercado não ganha eleição. Eu acho que o Flávio tem disponibilidade, fez alguns workshops, teve reuniões com empresários, mas eu acho que esse momento não é essencial esse trabalho. Deveria voltar a falar com essas pessoas a partir de 2026. Aí todos os conceitos estarão amadurecidos.

Como o PL pretende atrair os partidos de centro-direita para?
Bom, primeiro mostrar que temos um candidato viável, com um programa eficaz, que vai combater a corrupção, vai combater o aparelhamento da máquina pública, vai se irmanar com quem empreende, com quem edifica. Que vai ter um Estado desburocratizado, ágil, servindo à sociedade, não se servindo dela. Que a parceria será não só na ocupação de espaço, mas na qualificação do espaço e na cobrança de resultados. E que é muito importante que estejamos juntos dentro de um projeto que combate o PT. Somos o outro lado. E a sociedade vai ter a oportunidade de fazer essa discussão.

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