Uma série literária virou uma sensação cult mundial em cima de uma ideia já batida: uma pessoa fica presa no mesmo dia, que se repete continuamente. Como no filUma série literária virou uma sensação cult mundial em cima de uma ideia já batida: uma pessoa fica presa no mesmo dia, que se repete continuamente. Como no fil

Num best-seller dinamarquês, a textura da vida – e nossa relação com o tempo

2025/12/28 11:10

Uma série literária virou uma sensação cult mundial em cima de uma ideia já batida: uma pessoa fica presa no mesmo dia, que se repete continuamente.

Como no filme Dia da Marmota, a personagem dos livros, Tara Selter, vive reiteradamente no dia 18 de novembro. Os livros intitulados Sobre o Cálculo do Volume foram escritos pela dinamarquesa Solvej Balle, que começou a desenvolver a história há 30 anos. (Compre aqui)

No início, Tara explica ao marido que ela ficou presa no tempo, mas no dia seguinte não se lembra de nada e age exatamente como no dia anterior. Ela tenta contar aos amigos, aos pais, mas à meia-noite o relógio volta e o dia 18 recomeça, sem que ninguém se lembre de nada. Tara fica confusa, irritada e profundamente solitária. 

Balle planejou sete volumes, cinco dos quais já foram publicados em dinamarquês. Apenas os três primeiros estão disponíveis em inglês e português (o último foi publicado pela Editora Todavia em outubro).

Um dia que se repete não parece o enredo mais original ou interessante – ainda mais para sete volumes. Contudo, a narrativa de Balle é hipnótica e viciante, com um ritmo rápido e fluido em que a autora convida a reflexões profundas. A série é uma espécie de thriller filosófico. Como viver sem futuro, confinada em um eterno presente?

“Parece-me tão estranho agora como alguém pode ficar tão perturbado pelo improvável. Quando sabemos que toda a nossa existência se funda em ocorrências extraordinárias e coincidências improváveis. (…) Não há garantias, e por trás de tudo aquilo que normalmente consideramos certo existem exceções improváveis, rachaduras súbitas e violações inconcebíveis das leis habituais,” reflete a personagem no primeiro livro da série, quando começa a se conformar em ser prisioneira do tempo.

Sem alternativa, ela passa a prestar atenção em como o tempo se altera ao longo do dia e como os sons afetam sua noção de espaço, mudando sua percepção da vida cotidiana. São inúmeros detalhes que passavam despercebidos. 

As ações e movimentos do marido vão se repetindo em loop. Mesmo passando um ou dois anos, Tara já sabe tudo que vai acontecer: a torrada que cairá no chão, o horário em que o vizinho sairá de casa e a chuva que começará a cair à tarde. Ele segue se surpreendendo a cada instante com a vida não vivida. Ela não se surpreende mais; já viveu diversas vezes a mesma cena. 

Tara resolve viajar pela Europa atrás de climas diferentes e experiências novas dentro do seu 18 de novembro. Ela marca em seu caderno a passagem do tempo, em uma nova contagem de dias dentro de um dia. 

“O conhecimento de que tudo pode mudar num instante, que algo que não pode acontecer e que absolutamente não esperamos é, no entanto, uma possibilidade. Que o tempo fica suspenso. Que a gravidade é suspensa. Que a lógica do mundo e as leis da natureza entram em colapso. Que somos forçados a reconhecer que nossas expectativas sobre a constância do mundo estão em terreno instável.”

O ser contemporâneo, usualmente executando suas múltiplas funções, vive em outro plano, distante das miudezas do seu entorno, e acaba perdendo o contato com a textura da vida. 

Como sua personagem, a escritora vive isolada, dentro de uma rotina muito própria: Balle mora em Aero, uma ilha no Mar Báltico, onde o tempo passa diferente. Avessa a entrevistas ou premiações, recebeu um jornalista do New York Times no ano passado. 

Para chegar à ilha, ele pegou um avião de Nova York até Copenhague, um trem para Svendborg, a cidade mais ao sul da ilha de Fiónia, uma balsa para Aero e um ônibus até a cidade onde Balle mora.

Mesmo sendo a escritora sensação em Copenhagen, Nova York e Londres, Balle recusa a maioria dos convites –  incluindo um baile com os reis da Dinamarca e jantares e talks nos EUA. Seu espaço mental está todo tomado pela personagem Tara Selter e o dia 18 de novembro. Ela ainda não terminou o 7º volume e tem se dedicado a solucionar o último volume da saga. 

Hernán Díaz, o escritor cujo romance ganhou o Pulitzer de Ficção em 2023, declarou que o livro de Balle é “uma meditação profunda sobre as formas solitárias e intraduzíveis pelas quais cada um de nós habita o tempo — e as frágeis, porém permanentes, marcas que deixamos no mundo. Dia após dia.”

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